A Câmara de Vereadores realizou, na noite desta terça-feira (11), sessão solene alusiva ao Dia Internacional da Mulher. Neste ano, as homenageadas foram as mães das três vítimas cachoeirenses do incêndio que ocorreu na Boate Kiss em Santa Maria, em 27 de janeiro do ano passado.
Logo no início da cerimônia, Elke Oliveira, Mariângela Pontes e Oraide Silveira receberam das mãos do prefeito Neiron Viegas o cartão representativo do reconhecimento e respeito da Câmara de Vereadores às mães. “Não podíamos deixar de trazer a vocês não uma distinção, mas uma certificação do quanto vocês são queridas e amadas pela nossa cidade. Eu, como mãe, juntamente com meus queridos colegas, não podíamos deixar de honrá-las com esta nobre atividade da Câmara”, disse a propositora da inciativa, vereadora Daniela Santos, que também homenageou as mães com buquê de flores. “Não lhes convidamos para virem aqui para relembranças, mas dizer a vocês que nos espantamos com tamanho pulso, firme, coragem e razão com que reorganizaram suas vidas a partir dali, sem deixar de gostar da própria vida e de Deus. Sabemos que não esqueceram de nada, que são humanas e que a dor não tem outro nome para vocês, pois segue sendo dor”, complementou a vereadora.
Na solenidade, Elke Oliveira, mãe de Rafael Quilião, que também falou em sobre nome da Oraide Silveira, mãe do Murilo Silveira, ressaltou que o acontecimento não pode e não deve ser esquecido. “Quando o assessor da vereadora Daniela nos contou que seríamos homenageadas na semana da mulher ficamos muito surpresas, mas pensamos no Murilo, no Rafael, no Guilherme, em todas as vítimas do incêndio da Boate Kiss, na dor que diariamente sentimos pela perda de nossos queridos filhos, na repercussão que essa tragédia teve em nosso país e, por isso, aceitamos a iniciativa. Não podemos fingir que nada aconteceu, não podemos nos calar diante da dor destas famílias que sofreram a perda de 242 filhos em plena juventude. Dor que poderia ter sido evitada se houvesse a fiscalização dos órgãos competentes. Que acontecimentos como esse sirvam de exemplo para evitar que tragédias continuem acontecendo. Gostaríamos de fazer uma homenagem a todas as mães que, como nós, perderam no ano passado seus filhos tragicamente. O motivo que nos traz aqui é triste, mas a causa é nobre”.
Mariângela Pontes, mãe de Guilherme Pontes, aproveitou a oportunidade para chamar a atenção das responsáveis quanto ao cumprimento das fiscalizações necessárias e de todas as pessoas para que auxiliem os que precisam de ajuda. “Peço a todas as autoridades que estejam atentas, que a ganância nunca se sobreponha à vida e à dignidade do ser humano. Perder um filho é um trauma irreparável. Não superei e nunca vou superar. Entendo, também, que este ato é uma extensão a tantas outras mães, avós, filhas de outros jovens que se foram nesses meses. Por fim, peço a todos que ajudem aqueles que necessitam e orem pelos que se foram”.