Hidrovia Brasil-Uruguai é discutida na Câmara.
Foi realizada, na tarde desta quarta-feira (26), na Câmara de Vereadores uma audiência pública para tratar do projeto de instalação da Hidrovia Brasil-Uruguai. O encontro contou com a participação dos vereadores Marcelo Figueiró (PMDB), Frankini (PT), Luis Paixão (PP) e Jeremias Madeira (PSB), do prefeito Neiron Viegas e dos secretários municipais de Governo, Eliseu Machado, de Indústria e Comércio, Vinícius Cornelli, e de planejamento, Cristino Schumacher, além de profissionais ligadas ao setor.
Na audiência, o representante da Ecoplan Engenharia, empresa contratada pelo Governo Federal para a realização de estudo de viabilidade da implantação do projeto, engenheiro Daniel Souto, apresentou os dados e alguns resultados da análise e explicou como se deu o processo. “O estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental dividiu as hidrovias do Sul em quatro trechos. Cachoeira do Sul encontra-se no trecho 1, com os rios Jacuí, Taquari, Caí, dos Sinos e Gravataí. No trecho estão a Lagoa dos Patos, o Lago Guaíba, a Lagoa do Casamento e o Rio Camaquã. O trecho 3 conta com o Canal de São Gonçalo, o Rio Jaguarão e a Lagoa Mirim. O trecho 4, por fim, reúne os rios Uruguai e Ibicuí”.
Segundo Souto, os investimentos projetos para o trecho I incluem aproximadamente R$ 42 milhões para a dragagem, R$ 20 milhões de sinalização, R$ 15 milhões para terminais, R$ 35 milhões para barragens e eclusas, R$ 53 milhões para variante ao terminal de Montenegro e R$ 200 milhões para a nova barragem do Rio Taquari, totalizando cerca de R$ 365 milhões. Com os investimentos feitos, a carga incremental para 2015 ao porto de cachoeira do Sul prevista é de 144 mil toneladas em 2015, 359 mil toneladas em 2025 e 634 mil toneladas em 2035. Dentre os produtos com crescimento na movimentação em Cachoeira do Sul estão arroz, fertilizantes, madeira, soja e trigo.
Conforme o engenheiro, o estudou verificou que único trecho da Hidrovia Brasil Uruguai que, no presente momento, não apresenta viabilidade técnica foi o trecho 4. “A análise mostrou o grande potencial do modal no Rio Grande do Sul com essas melhorias”, afirmou, complementando: “Com o implemento da hidrovia, acredito que o investimento se pagaria em apenas três ou quatros anos”.
Dentre os efeitos da construção da Hidrovia projetados, em análise socioeconômica realizada pela Ecoplan, destacam-se a redução de custos da produção e aumento da competitividade dos principais produtos agrícolas, acesso a insumos de menor custo, instalação de estaleiros, construção de novos terminais, inovação para indústria naval, intermodalidade hidrovia-ferrovia-rodovia, conectividade Brasil-Uruguai/Porto Alegre-São Paulo/entre municípios do Rio Grande do Sul, aumento do potencial do turismo aquático e maior oferta de trabalho local e aumento do nível de qualidade de mão de obra.
Para o presidente da Câmara de Vereadores, Marcelo Figueiró, os dados e conclusões reforçam uma das pautas pela qual o Legislativo está engajado. “Na última semana, 21 das 26 entidades do Conselho da Cidade, que elegeram as metas prioritárias para Cachoeira do Sul, indicaram a implementação da hidrovia como meta principal para o nosso município, o que mostra o tamanho e a grandeza do projeto para a cidade. Acredito que a construção da hidrovia irá consolidar uma importante alternativa logística ao desenvolvimento cachoeirense, por isso o Legislativo está se organizando em várias frentes para concretizar esse projeto. Já entramos levamos essa demanda a diferentes autoridades, políticos e lideranças e estamos organizando a criação de uma frente parlamentar para tratar exclusivamente desse assunto durante todo o tempo que se mostrar necessário para que a hidrovia comece a se tornar realidade”, destacou.
O prefeito Neiron Viegas, por sua vez, defendeu que o processo não pode mais se prolongar. “Para mim, ficou bem claro que o que precisamos é de um entendimento entre as partes. Como disse o Marcelo Figueiró, esse deve ser o nosso foco, a nossa ação política maior. Temos carga superior à maioria dos municípios gaúchos e uma das maiores áreas plantadas de soja. A utilização dos recursos hídricos no sistema de transporte iria desafogar o trânsito de caminhões”, disse.